sexta-feira, 5 de outubro de 2018

minha escrita




eu não me lembro de mim
sem papel e caneta
.....
cedo aprendi 
a transferir para as mãos
a inquietude da alma
.....
escrevi pelos cotovelos
numa tentativa de desenhar 
um mapa
de saída
.....
buscava um atalho 
para a delicadeza
.....

uma porta
de onde só sairia
o melhor de mim
.....
aos poucos veio aparecendo
uma dissonância
entre a minha escrita
e a minha versão com áudio
.....
dançar balé
com a ponta da caneta
será sempre
meu exercício de suavidade
.....
tentativa de materialização 
dos sentimentos
para lidar com eles 
.....
digerir o inaceitável
.....
disfarçar
minha própria ausência
.....
a escrita
é uma forma 
menos barulhenta
de existir





Ainda venho aprendendo a importância da revelação.